Ulcera Complexa

E assim foi me cavando a ulcera

com unhas tão ferozes

que meus seios arrancaram.

E a natureza tão modesta

se tornou complexa

na confusão

dos meus amores.

E cada gota

de suor

na minha cara

são das palavras

que escrevi pra ti.

Agora falo, de coração honesto

dos medos que tinha

por ter você aqui.

Me deito agora, libertado

de sonhos, escravo não sou mais

e de tanto que sofri

morro agora em paz.

E nos meus seios guardarei

os teus segredos

teus infantis soluços.

Que a cidade durma e acorde

sem desconfiar de nós.

Porque eu mesma

desconfio

dos teus carinhos

e teus sussurros

e das letras menores

na bula de remédios

e de todos os amores

que tive para combater

o tédio!

Devo combater agora

essa ulcera

que me pulsa

entre os olhos, dor

cega e amarga.

Dói

como braços de lavadeiras.

Dói

como um motel sem vaga.

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 15/05/2014
Código do texto: T4807847
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