A Florbela Espanca

Cada rosto é uma sombra que nos fala

De amor, ou ódio, queda, ou perseverança

Cada boca é um sacrário onde se cala

O sacrifício, a dor, a morta esperança

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Cada dia é mais um passo no deserto

Cada hora, cada instante - a meta se avizinha

A marca do que somos em cada olhar, em cada gesto

- À míngua de recursos, morre a vinha

.

O teu destino era todo o Universo

A tua alma, toda feita de Infinito

Tinhas no nome as Flores, e a Beleza

.

Não sei traduzir-te nos meus versos

Mas sei sentir no meu, todo o teu grito

A bonança não foi feita para a tua natureza

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© Myriam Jubilot de Carvalho

Inédito, 1982

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 08/06/2014
Código do texto: T4836723
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