Flôr felina...

À minha Mél

*

Minha senhora e ama

pastora do meu rebanho,

que muito nobremente

vez ou outra,

remete-me um olhar de soslaio

verde jade,

e me procura

e foge,

e se esparrama pela cama (toda sua)

de quem ouve conselhos de pelúcia,

e tece calmamente seu tricot

olhando estrelas,

tentando decifrar o céu noturno,

eu me declaro sua serva e escrava.

A tarde,

minha senhora lê poemas de flôres,

ouvindo Chopin.

A noite,

sorve uma taça de vinho,

e me procura

e me ama.

E quando o tempo muda,

despreza o meu amor

e se esconde,

ouvindo mensagem dos ventos.

A minha ternura por ti,

flôr felina,

é imensa

e contigo quero viver

um grande amor.

No escuro do quarto

nos visitamos,

me invadindo

enigmática,

silenciosa

e macia.

Quieta e mansa

como todos os felinos,

minha flôr impiedosamente

me arranha

e morde,

cruéla e verdadeira.

E depois,

descansa feliz.

MIRAH
Enviado por MIRAH em 13/06/2014
Código do texto: T4843491
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