EU

Sou a cidade desabitada.

Quem chega dissolve-se na aragem ou morre.

Quem permanece, ausente, veste musgo,

cobre as paredes do tédio e emudece para sempre.

Só os olhos ficam vivos,

só o coração percebe a tua mão estendida

o corpo sem alma que serve sem medida

na tua avidez.

Sou o vazio.

Nem voz, nem vontade ou ideia,

apenas a dádiva que emerge e incendeia

para que te ilumines.

Eu sou a estrada.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 15/06/2014
Reeditado em 15/06/2014
Código do texto: T4845674
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