Amor Emprestado

Cintila uma estrela no firmamento

Uma brisa cobre tudo como um véu

Um cometa corta uma camada de céu

Nuvens vagueiam levadas pelo vento.

Sentado estou perdido num pensamento

Pensando onde estará aquela que eu amo?

Passaram-se os dias, os meses, um ano

E nunca mais vi aquela que me dava alento.

Choro uma lágrima cristalina e sentida.

Minhas mãos concheadas cobrem a face.

Por mais que eu tente, minta ou disfarce

Tudo falta quando me falta minha querida.

Olho para céu e percebo que lá em cima,

Lá no alto, no infinito celestial e além,

Será que um dia vou encontrar meu bem?

Por que será que é tão cruel assim a vida?

Quem será que cose os retalhos com tal linha

Tão tênue que separa o que é ser ou não?

Quem é que é mandatário do próprio coração?

Como um rei pode viver sem a sua rainha?

Olho para o rio e a água cintilante e cristalina

Fazem cintilantes também os meus olhos pobres

Pela falta que me faz aquela que era minha menina:

Cabelos negros, olhos gigantes, pele cor-de-cobre.

O que é isso que nos atormenta e nos envolve

Como um vento bom ou perigoso redemoinho?

Sei que o que nos é ganho a gente um dia devolve

Pois era emprestado todo aquele amor e carinho.

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 30/06/2014
Reeditado em 04/07/2014
Código do texto: T4864443
Classificação de conteúdo: seguro