Admirável amante

Ainda lembro daquele dia na sua casa,

Cheguei lá, e você mandou subir a sacada,

E tão atenciosa me atendeu,

Eu ainda perdido não sabia que aconteceu.

Por mim você tinha uma paixão proibida,

Originada de uma vida mal vivida,

Vida de ser aquela mulher usada,

Que o tempo a te fez maltratada.

Eu moço novo, dei meu ombro amigo;

Ombro também de alguém já sofrido,

E na sutileza de deixar a emoção rolar,

Acabei por deixar minhas mãos e boca te tocar.

Na leveza do toque que nos dávamos,

Aumentava nossa transpiração, suspirávamos;

Mas nunca chegamos ao momento cabal,

Até por que achávamos ser um "pecado mortal".

Hoje vejo que pecado foi não deixar acontecer,

Mesmo que te fizesse depois sofrer,

Aos menos sofreria pelo que fez,

Mas ao menos saberia se valia a pena de vez.

Eu sei que minha pessoa não te amava,

Ela apenas te respeitava e admirava,

Mas entre ganhos e perdas nessa dura estranheza,

Homem como eu na sua vida nunca teve, isso com certeza.

Mas tem coisas na vida que são apenas momentos,

Outras vezes são séculos "imensos",

Tem horas que podem ser apenas um instante,

Mas eu nunca passaria de um admirável amante.