OS QUE FALAM DE AMOR
Os que falam de amor
mais sonham
do que vivem.
Falam.
E sorriem.
Não falo de amor.
Não me importo
em falar de.
Prefiro o silêncio da alcova
e esperar a aurora,
agarrada ao corpo-escaler
de quem amo
naquele momento.
Prefiro não falar,
pois as palavras constrangem,
induzem,
sugerem uma lealdade
que, talvez,
eu nunca possa ter.
Posso dizer que
darei a minha vida
ao meu amado.
Mas se nem sei se amo,
ou como, de fato, se ama,
dou o meu corpo,
a fúria de meu sexo
inteiramente
e, nesse momento,
plenamente,
não amo, mas
me torno o amor.