NA CAMA

Entre sedas e cetins, no melancolizar espaço,

frio como num compasso escurecido sem aço,

atos e orações, em pertinência findos,

porque não tramar toda essa eloqüência fluindo...

E assim passam...

Dias e noites, em desgostos profanos,

sem a remota do bem,

onde nada se consome do querer bem...

Seria do mau, esse legitimar mel,

ou quem sabe, seria do bem, esse querer meu...

Também não sei...

Se amparo, desestimula,

se socorro, espanca,

se balsamizar, é amor que vem...

No saciar contido, volto a ela,

entre flores de acácias, perfume reconhecido,

ali estão, a fagulhar promessas,

sem lembrar todo o passado vão...

E o espelhar? Desaparece no estar...

Há vidas, em prol do acamar,

são sementes vividas, há transplantar,

êxito a conservar, e quando não,

só querência no ar...

Na cama...

Intercâmbio mundial de duas vidas,

alegria máxima ali contida,

transitoriedade que se concretiza,

é suave no legitimar a liberta do amor, e,

como sempre, num deliciar em flor...

Na cama...

Realização plena, com sagacidade de mais,

união ardente, com a química que o eloqüente faz,

apostolado intrínseco de onde quer que venha,

saudável, até que você tenha...

Foi existente, até nos percalços da contenha,

pois sempre nos mostramos capazes de tal...

Na cama... Sociedade humana num operar fatal....

Vera Laponez