escura bruma que a noite produz

escura bruma que a noite produz,

o vazio neste bar perdido

em uma rua perdida.

minhas lembranças mais secretas

são estrelas caídas

de um céu sem piedade.

querendo ou não

sou parte deste drama

que a vida usa para dar

um sentido mais trágico

ao cotidiano.

como quem aguarda

os passos intermináveis das horas,

destilo silêncios, respiro surpresas,

fantasiando meus impossíveis

e recolhendo meus absurdos.

não há mais motivo ou propósito,

estou sobre um campo minado

à deriva pelas esquinas

dos meus próprios desvarios.

sílabas mortas, frases rotas,

monólogos

que pronuncio ou mesmo que calo

envoltos nas pétalas aveludadas

das flores da ilusão.

abro meus olhos cansados com esforço

e sinto um peso no ar, nas chamas

das minhas fomes.

desassossegos, abandonos indiferentes

aos mendigos que comem lixo nas praças.

tristeza com hálito de ribaltas antigas

de um teatro em ruínas,

abandonado a segredos densos,

alcovas gélidas onde perambulam

anjos deserdados.

alimento dragões

nestas noites de junho,

subverto a pauta do desejo,

bebo a doce violência

que escorre pelas ruas.

sou como o silêncio que habita a cidade,

desato nós, silencio desordens,

ouço os rios, dobro o riso, as blusas

como se dobrasse o tempo.

surpreendo os vazios, escuto gemidos,

recorto os versos

de qualquer santidade.

despertenço, desinvento a palavra amor.

Poema do livro Diários do Desassossego

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