ALIANÇA

O brilho dos olhos teus apetece

muito mais que um poema,

poema vestido das silvas das campinas.

Ah, se tu soubesses, amado que anseio...

Se soubesses a chama fulgurante

que num instante ímpar acendestes!

Ah, se soubesse o poder de tua voz!

Não mais que veludíneas vozes

Mas como um solfejo celestial em mim...

Se soubesses a morada tão doce,

tão suave, tão nua e transparente

que fundastes no lado recôndito...

Se soubestes, virias sem reservas

e deixar-me ia grafar palimpsesticamente

uma história que tua boca em silêncio

suplicou que minhas mãos escrevessem!

Guiada por tua voz poetizável

e além de todas as canções,

fui tecer-te a poesia sem algemas.

Eis que cada verso derramado de mim

despe minha alma a dizer-te, Meu Amado:

Almejo sem medida, sem rima,

sem rumo, sem medo do destino,

transcrever tudo que há de melhor em mim

nas veias acesas e gritantes de teu corpo.

Quero esculpir cada verso e reverso

nas linhas sensuais de tua morena cor.

E depois única e exclusivamente

desnudarei o roupão sob nossa medida,

para o elo triunfal de nossa completude.