NAVALHADA NA MORENA

Que a navalha valha a pena

ao cortar a pele morena

daquela que me traiu!

Que a navalha valha o sangue

daquela pequena

que me engrupiu!

Pois sofri por me dar inteiro

e, desde o mês de fevereiro,

pago dívidas sem fim.

Levei-a ao carnaval,

ao baile de gala, ao festim,

queimei em luxo meu dinheiro.

E o que foi que ela me deu?

Um mar de queixumes e gritos

e nem sequer reconheceu

o quanto eu estava bonito.

Dançou com o Sandoval,

com o Alex e o Ribamar.

Até com a lésbica Paula,

a doida calhou de dançar!

Quanto a mim, um imbecil,

só fazia abrir a algibeira

pra pagar a conta elevada

que ela fazia comprando besteira.

E na primeira oportunidade,

soube antes toda a cidade,

a vagabunda se encantou

com um tal de Mané Saudade.

E quando eu ia à rua

era a maior gozação:

lá vai o corno molenga,

o sustenta-Ricardão!

Comprei a navalha que era

do bandido Cobra Coral,

um dos mais pérfidos da cidade,

um tremendo cabra mau.

E, inspirado em sua valentia,

vou fazer a alegria

da crônica policial.

Te prepara, morena!

Beto Carrasco
Enviado por Beto Carrasco em 21/05/2007
Reeditado em 21/05/2007
Código do texto: T495664