Do vazio do mundo à vontade dos dias

Eu, que carrego no peito o vazio do mundo,

Deposito nas medidas,

As doces amarguras da vida.

É que sempre busquei nas palavras,

A verdade escondida.

É que camuflo nas setenças,

A paixão reprimida.

Frases, gestos, perfumes.

Datas, cores, lugares.

Lembranças modorrentas,

Nunca passaram de fragmentos dos dias.

Fúnebres são as sentenças da alvorada,

Efêmeras gotículas salinas,

Que chovem pela face,

O amarelo dos dias.

É que resgato nas sentenças

A esperança temida.

Enquanto o estômago dança um balé descompassado,

Emoções opacas preenchem o oco dos dias.

E gira o moinho da espera vazia,

Dragões alados na vigília tardia,

Cospem o veneno da vontade matada,

O desejo que queima em eterna agonia.

Hudson Eygo
Enviado por Hudson Eygo em 13/09/2014
Reeditado em 13/09/2014
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