Do vazio do mundo à vontade dos dias
Eu, que carrego no peito o vazio do mundo,
Deposito nas medidas,
As doces amarguras da vida.
É que sempre busquei nas palavras,
A verdade escondida.
É que camuflo nas setenças,
A paixão reprimida.
Frases, gestos, perfumes.
Datas, cores, lugares.
Lembranças modorrentas,
Nunca passaram de fragmentos dos dias.
Fúnebres são as sentenças da alvorada,
Efêmeras gotículas salinas,
Que chovem pela face,
O amarelo dos dias.
É que resgato nas sentenças
A esperança temida.
Enquanto o estômago dança um balé descompassado,
Emoções opacas preenchem o oco dos dias.
E gira o moinho da espera vazia,
Dragões alados na vigília tardia,
Cospem o veneno da vontade matada,
O desejo que queima em eterna agonia.