POEMA DE AMOR

Eu te amo como se ama o silencio profundo,

como se ama o berço natal e o solo fecundo...

Eu te amo como se ama a tarde ensolarada,

como se ama a branca lua

e o seu rastro que brilhante flutua,

na imensidão onde as Musas têm morada...

Eu te amo como se ama o aroma

do largo mar que no horizonte se assoma...

Eu te amo como se ama da noite a luz,

como se ama do dia as cores,

o cantar da passarada, um jardim de raras flores,

a campina verdejante, a primavera que seduz!

Eu te amo como se ama a aurora,

como se ama a tarde que estertora...

Eu te amo como se ama a viração

que a folhagem do bosque ondeia,

e onde a nostalgia vagueia,

passeando em solidão...

É bem verdade que eu te amo...

Mas nunca saberás de tanto amor,

nem ouvirás do meu peito este cantar!

Este cantar que traiçoeiro bem revela,

todo o sofrer que amargurado anela,

o coração deste insensato trovador !

Não importa que minh\'alma despedace...

Os meus lábios hão de selar-se

no silêncio que impõe a lei...

E lá, nas estrelas, onde a dor fenece,

onde a luz que brilha não falece,

lá sim... Saberás que eu te amei!

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 11/09/2005
Reeditado em 13/05/2011
Código do texto: T49678
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