AMAR ...É FÁCIL ??...

O amor não nasce pronto. É uma conquista diária, um aprendizado. Aprender a amar para mim foi muito doloroso, medos, indecisões. Mas aprender a desamar foi ainda pior.

Eu não estava pronta para o amor , alheia aos mistérios da paixão, entreguei-me totalmente. E por não permitir a volta, fiz uma longa viagem com diversas escalas, perseguindo o desamor.

A primeira escala foi a parada da esperança, acreditamos que a pessoa amada apareça, como num passe de mágica, arrependida e querendo recomeçar. É um meio de continuar se enganando, fugindo da realidade, e também para proteger a nossa vaidade, amor próprio.

Na segunda escala já convencida que a pessoa amada, não se arrependeu, e não voltou para o sonhado recomeço.A dor aumenta com esta realidade: Preciso esquecer. Não posso mais pensar nessa pessoa. Não posso, mais penso, porque não pensar, ainda é pensar e com mais intensidade, com mais vontade de estar com a pessoa amada.

Estou derrotada, sinto-me assim e tento sair para uma próxima escala, a terceira tentativa. ..Vou ao encontro de um novo amor, um substituto..

Ahh, outra pessoa não é a mesma pessoa. Não tem as mesmas qualidades, mesmos defeitos, nem o mesmo jeito de sorrir(meio sorriso, que encantava-me) ou de olhar, aquele olhar doce e profundo. A mesma voz que fazia o meu corpo vibrar ao declamar belos poemas. Esta nova pessoa, pode até ser melhor, mas não é o melhor que procuro. É o mesmo, sempre o mesmo, que é único, insubstituível..

A frustração me empurra para uma nova tentativa, a quarta e penso: Vou tentar odia-lo. O ódio é mais forte que o amor. Será??..Aquele ódio, irmão gêmeo do amor?? É uma tentativa perigosa..Mais cedo ou mais tarde, o amor vencerá o ódio e a perseguição ao desamor, será interrompida, e como sempre triste e chorosa, voltarei arrastando uma bagagem ainda mais pesada. Preciso partir para a próxima tentativa, antes que seja tarde demais.

Mas..Não viajo, não tento mais nada. Fico quietinha, apenas observando. Esperando a vida passar. De repente , ouço o cantar alegre de um pássaro, suavemente, interrompendo o meu silencio. Percebo o sorriso de uma criança. Sinto a onda do mar, beijando os meus pés e a puxar-me, bem devagar, para a última estação.

A estação do acordar, que só percebemos, ao abrir uma janela, que o sol está brilhando, acariciando o nosso rosto. E como é doce e agradável a aragem da manhã....

Do meu coração, ele fugiu, o ódio ameaçador. A tristeza e a saudade também. O ansiado desamor deixou de existir. No meu coração, a vontade de viver, ser feliz.

E agora um riso que escapa, riso de mim mesma e da situação que vivi, tudo, de repente, sem esforço e sem aviso...Voltou a ser como era antes..

Crônica publicada no Jornal O REBATE em 18/05/2007

Nilda Severin
Enviado por Nilda Severin em 23/05/2007
Reeditado em 23/05/2007
Código do texto: T497654