“Amor não chora
que a hora é de deixar
O amor de agora pra sempre ele ficar”

(Geraldo Azevedo e Geraldo Vandré)

Canção da despedida

Nem sei se choras tu
Ou sou eu que vou chorar
Neste momento
Nem se o lamento
Fará parte do adeus

Não sei se nos teus olhos
Verei uma noite escura
Sem estrelas
Sem brilho
Sem o desejo que
O tornavam tão sedutores

E se não te acanhares
De fitar-me
Ainda verás pela transparência
Do meu olhar
as delicadezas de outrora
Sentirás o gorjeio
De pássaros
E verás um colibri sugando a flor

Ou talvez nem vejas
Ou nunca tenhas visto

A quimera foi tua algum dia?
Ouviste a cotovia
Em algum momento
Quando nos teus braços sussurrava:
_Psiu! Não está ouvindo?
É ela,de novo
A nos fazer companhia!

Tu me convencias
Da parceria amorosa
Me entretinhas em teus braços
E contava as estrelas do céu comigo

Mas hoje....
Tenho minhas dúvidas.
A utopia faz a gente delirar
A gente vive um no outro
De tal forma
Com tal intensidade
Que tudo o que se vê e sente
É como se ele
O seu amor também visse
E sentisse.

Só que não!

Hoje não mais nos vemos
no olhar um do outro
De ti só reconheço o vulto

O poetinha que me encantava
Perdeu-se nas barganhas da vida
Há coisas mais importantes
Bem mais do que tua querida

Sedução nossa
Aquela
Que trazia o vinho
E fazia a sonoridade das taças
Se tocando ...
Até que a gente se embriagasse de nós mesmos?

Passou,meu rei
Tua opção hoje é outra
O poder te chama
E não mais passa pela nossa cama
nem pela nossa simplicidade
Compartilhada
E que tanto nos bastava

Bem que “Eu quis ficar aqui mas não podia
O meu caminho a ti não conduzia”

Lembra de nossas histórias
Daquela Canção da despedida?

“Um rei mal coroado não queria
o amor em seu reinado
Pois sabia não ia ser amado”

O amor fragiliza
Faz perder o foco
Quando se quer da vida
Em demasia apenas
O que dá poder
Status

Pra que a poesia?

Então,amor,
Não chora
Melhor ir agora
Enquanto não há pedras nas malas
Ainda existem nelas
A leveza das carícias
As plumas dos abraços
Os lençóis macios da ternura
E os beijos cálidos da saudade

Vá!
Segue o teu caminho
Que se tornou impossível pra nós dois.

Mas o reino que escolheste
Cujo rei teme não ser amado
Será certamente um déspota

E onde existe tirania
Haverá também o ranger de dentes
Mas a escolha é tua,amado meu.

A minha consciência é leve
E seguirá o caminho das flores
Dos colibris
Das borboletas
E dos pores de Sol.
amarilia
Enviado por amarilia em 26/09/2014
Reeditado em 07/12/2015
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