Remanescente das Chamas
Chico Buarque..
Chiquinha Gonzaga...
Chorinho...
Chuva...
Lembranças tristes e confusas
Daquela antiga felicidade a dois...
Dos dias em que ouvir as aventuras do "Tistu",
Com tua voz diferente e engraçada,
Era um momento mágico, uma preciosa dádiva.
Dos dias em que nossas brincadeiras bobinhas
Eram a alegria de meu coração,
Mesmo quando eram chatinhas.
Dos dias em que a chuva lembrava nossa comunhão
E nossa alma entrava em plena sintonia...
Nosso amor era o vinho, nosso sonho era o pão.
Dos dias em que, juntos, comprávamos livros,
Pois eles eram os nossos confidentes,
Os nossos grandes amigos.
Dos dias em que percorríamos a biblioteca da universidade,
Pesquisando temas pelos quais tínhamos afinidade.
Do dia em que dançamos "Valsinha",
A inesquecível música de Chico Buarque.
Dos dias em que o chorinho de Chiquinha Gonzaga
Era a melodia que se ouvia em casa.
Dos dias em que teu olhar de criança
Me fazia lembrar da "História sem fim"
E teu sorriso era o tesouro mais precioso para mim.
Foste o meu mundo, a minha essência, o meu chão;
Foste o meu céu, o meu paraíso, a minha respiração.
Foste, também, a lágrima, a dor, a indiferença...
Aprendi a conviver com a tua ausência.
Mágoas, dissabores,
Ofensas e muitas dores.
Lágrimas escorriam em silêncio,
A solidão era o que me trazia alento.
O amor foi sepultado, afinal...
Uma doce ilusão se desfez.
Entendi que só para mim foi real,
Mas não passou de "Era uma vez..."
Poema que restou de um antigo diário em chamas, em 2004. Por sorte, ele estava destacado do diário e permaneceu dentro de uma velha agenda.