Haverá um tempo

Haverá um tempo

em que a fundura da terra

terá as cores da água cristalina

cimentada na ternura que pressinto

na ponta dos teus dedos de quiméricos ventos.

Haverá um tempo, chegado na hora

incontornável do sol-posto,

em que, do mar aberto e resoluto,

se elevarão papoilas verdes

a emoldurar o contorno recto do teu rosto.

Um tempo em que a água finalizada

se escorrerá nas faces plásticas da madrugada

de um céu encapelado denso e profundo.

Em que a noite persignada

calará a saudade e a lágrima arrecada

na original raiz duma árvore quebrada.

Haverá um tempo por fim, amado,

um tempo desabrochado, nosso, preceituado

no abstracto instante de um momento

conglutinado no corpo dum abraço.

Um abraço intenso,

implodindo telúrico para além de nós,

na imensidão infinita do Sideral Espaço.

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 25/05/2007
Código do texto: T500234
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