A cada instante de amor
Em tudo a um imenso amor me entrego,
com tanta devoção e sinceridade aparente,
que me dou por inteiro e não sossego,
até ver minha alma ferida, doente.
E o quê, por fatal destino acomete quem ama:
a perda da sensatez e o sentido da razão,
olhar o luar e recordar cada drama,
procurar na realidade dura e fria uma paixão.
E quem nunca houvera experimentado antes
uma paixão repentina como esta?
Que tudo pode, onde tudo é possível entre amantes,
até a certeza de uma união incerta?
Ser poeta é ter no peito essa grande ferida:
sofrer a cada novo e inalcansável amor,
não ter para sua paixão uma medida,
e acabar sempre transbordando-se de dor,
A dor que devera sente,
a cada novo e perdido amor.