ENTRE O CONFUSO E O AVESSO

E assim, tu chegas...

Com um profundo sorriso,

Um largo olhar,

Caloroso beijo e

Saboroso abraço.

Dilacera minha capa,

Nega meu pudor,

Beija minha vida,

Rasga meu sorriso,

Neblina minha razão...

Confunde-me.

Salva-me da sórdida realidade

Pintada de pardo em uma moldura torta.

Leva-me para uma utopia romântica sem limites,

Onde o confuso e o avesso

São apenas tentativas insanas

De expressar meu apreço por ti.

Onde nos amamos com tanta delicadeza

Que deixamos nossas almas se tocarem

E sentirem que apenas nossos corpos nos impedem

De sermos um só.

Escreva teu nome!

Mas escreva com força!

Para que suas letras

Cravem fundo neste corpo

E apaguem as antigas marcas de infames amores

Que um dia me açoitaram.

Criando notas que declamem minha devoção por ti

Mas perturbado pelo silêncio dessa melodia,

E alienado de minha própria alma, suplico:

Ergas o muro mais alto que puder

Para que eu nunca te machuque!

Não digas nenhuma palavra de amor

Para que eu nunca as esqueça!

Prive-me de teus sentimentos

Para que eu não os leve comigo!

E nunca te declares

Para que o meu sentimento

Seja sempre um eco solitário

Implorando por ti.