Horas íntimas

Eu conheço um menino que se ninguém dissesse, eu jurava ser anjo.

Eu conheço um anjo que se ele mesmo não contasse eu jurava ser menino.

Tem de menino a inocência de ser sincero, e do anjo a prudência de não voar em público.

Menino esse que faz bagunça no meu interior. Anda de um lado para outro com ares de pensador. Anjo esse que carrega também uma dor, e assim como eu se aquece no próprio calor.

Antes de qualquer suspeita se revela também o Homem que não conheci. Dele, resvala a ética que me impede de despí-lo como um dia desejei.

Cada vez que saio dele, volto um pouco mais eu, daí encaro seus olhos imaginando onde é que ele me escondeu!