Quando as Almas se Misturam

Ah, brincar de deus entre os humanos

vivendo o belo em trêmulo universo desvendado,

e sentir esse momento em que o eterno nos assalta

com efêmera invasão.

Flutuar pelo divino com a flor vestindo a pele

tendo os olhos estrelados pela luz de outros olhos

e, de tanto alumbramento, transcender além do ser

pra voltar envolto em nuvens e dormir sedado em céu.

Sentir, na rosa, o sal do orvalho enquanto os lábios se traduzem

e as mãos se entrelaçam a orar sob murmúrios

em um transe desmedido que arrebata a consciência

para o humano se encantar flutuando no divino

Sofrer crises de ternura em convulsões de eternidade

nesse único momento em que a vida, em outra vida,

experimenta outro corpo pra viver em pele alheia

numa troca de sentidos quando as almas se misturam..