O Tesouro

Preso ao lodo dos dias,

só por ti escuto o mar e o aprendo,

a galgar barreiras

para vir, espumoso, morrer-nos aos pés.

Por ti sei de caminhos escusos

em que nos perdemos para ficar

ancorados na noite.

O corpo aberto à luxúria,

a raiva dos penedos, opacos e ferozes,

as vozes a clamar à porta do céu,

o deserto.

Ainda há dunas neste escuro de sol a pino

e mil mapas do destino.

És tu o xis do tesouro, a prata e o ouro,

a água

o eterno recomeço da febre.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 17/12/2014
Reeditado em 17/12/2014
Código do texto: T5073112
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