O giz das canções

Desço desabalado dessa solidão cômoda

Disparo versos como projéteis envenenados

Há tantos pensamentos vivos a me atormentar

Mas não te lançarei no mar do esquecimento

Pois me flagro constantemente pensando em ti

Onde estavas quando eu escrevia tolos devaneios?!

Por onde andavas quando eu ouvia tão lindas canções?

Viver um amor deixa marcas e cicatriz, não é ilusão!

Essa não é uma história qualquer; existem canções!

Tudo é querer, desejar, decidir, se encantar

Quem pode viver sem amor, alguém diz!

E quem não quer um amor assim; tão bem desenhado

Te quero sempre ao alcance dos meus olhos de poeta

Se não, pra quem eu irei cantar e o que vou sonhar?!

Que prazer há se não vais me ouvir

Quem pode querer ser feliz assim desse jeito;

Como um castelo de areia, que o mar desfaz

E quem há de querer ser feliz se não for por amor

Queria tanto que pudesses me ver sem laços firmados

Mas tudo bem, tudo bem; eu rabisco um nó e desamarro

E mesmo tendo tão pouco de ti, ainda estou indo bem

Mas, confesso que por isso sou um pouquinho infeliz

Quero que saibas que me lembro como tudo começou

Rabisquei o teu nome no quadro negro do meu coração

E o teu sorriso, que desenhei, a chuva não apagou

És parte importante do que me faz feliz

Me pego sorrindo, pensando em alguém,

E é de ti que certamente, nunca mais esquecerei.

"Ah! Senhora, deusa de pérolas

Responda-me se lhe condiz

Por que será, por quê?

Que entre tantas canções; me diz

São particularmente belas, aquelas

Que trazem em seus versos

A singela palavra giz?!"

À três canções maravilhosas:

Giz- Renato Russo

Chão de giz- Zé Ramalho

Desenho de giz- João Bosco

Edson, Dez./2014