Cruzado

Nossos olhares se cruzaram.

Eu era templário, guerreiro de Cristo, você miragem Sarracena, oásis de desejos.

Desisti de tudo.

Voei pro seu olhar.

Já não tinha espada nem escudo, nem elmo ou armadura.

Jazia em seus pés, sobre o julgo de suas vontades.

Não havia volta, só havia deserto ao meu redor.

Eu me desfiz de tudo o que eu era.

“ Vá vende tudo o que tens, vem e segue-me”.

Era a segunda e derradeira vez que largaria tudo por amor.

Diferentes, alucinantes e doídas formas de amor é bem verdade.

Ambas rasgavam a minha alma, ambas rasgaram a minha alma.

Em minhas mãos levava muitas vidas.

Já não sabia qual sangue era realmente o meu.

Era rei, sábio e sacerdote.

Tudo não passava de ilusão.

Uma ilusão que se desfez em um milhão de partículas pela luz da sua presença divinal.

Nossos olhares se cruzaram.

E daquele instante até hoje, estou crucificado, cravado, curvado sob a luz do seu olhar...