Beijo de adeus

todo dia, o sol nasce

impunemente

solene disputa com a noite

história que começa com o fim

escrevo pois não sei

não sei fazer mais nada

abençoado por uma maldição

viver longe da paixão

carrego pelo mundo

a culpa de todas as gerações

a necessidade de ser

sob todas as condições

com a caneta na mão

e o papel na mesa

a palavra canta

e o coração obedece ao destino

não vou mudar

o sofá de lugar

nem tirar o tapete da sala

olhos aguados

baixaram o caixão

jogaram flores e terra

cimentaram a cova

você sempre soube

na avenida Francisco Matarazzo

o ônibus Penha/Lapa lotado

amarelo/preto e verde

direção leste/oeste

carlos assis
Enviado por carlos assis em 25/01/2015
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