Beijo de adeus
todo dia, o sol nasce
impunemente
solene disputa com a noite
história que começa com o fim
escrevo pois não sei
não sei fazer mais nada
abençoado por uma maldição
viver longe da paixão
carrego pelo mundo
a culpa de todas as gerações
a necessidade de ser
sob todas as condições
com a caneta na mão
e o papel na mesa
a palavra canta
e o coração obedece ao destino
não vou mudar
o sofá de lugar
nem tirar o tapete da sala
olhos aguados
baixaram o caixão
jogaram flores e terra
cimentaram a cova
você sempre soube
na avenida Francisco Matarazzo
o ônibus Penha/Lapa lotado
amarelo/preto e verde
direção leste/oeste