Malas perdidas
deixei de ser
deixei de estar
vivo por ficar
onda a se quebrar
mesmo sem entender
o que passa na frente
ponho o dedo no nariz
coço a barba branca
o mar não aplaca a sede
apenas afoga o marinheiro
nas árvores da areia
galhos se sacodem na brisa
o abismo olha a cidade
ecoam palavrões nas nuvens
ecos desesperados gritam
nas paredes dos edifícios
na malha fina da receita
vai parar toda declaração
papeis que o vento empurrou
pela janela para o vazio
todo aeroporto
é somente um canto qualquer
um lugar de onde se parte
e se chega de viagem
deixei de ser
deixei de estar
vivo por ficar
onda a se quebrar