Malas perdidas

deixei de ser

deixei de estar

vivo por ficar

onda a se quebrar

mesmo sem entender

o que passa na frente

ponho o dedo no nariz

coço a barba branca

o mar não aplaca a sede

apenas afoga o marinheiro

nas árvores da areia

galhos se sacodem na brisa

o abismo olha a cidade

ecoam palavrões nas nuvens

ecos desesperados gritam

nas paredes dos edifícios

na malha fina da receita

vai parar toda declaração

papeis que o vento empurrou

pela janela para o vazio

todo aeroporto

é somente um canto qualquer

um lugar de onde se parte

e se chega de viagem

deixei de ser

deixei de estar

vivo por ficar

onda a se quebrar

carlos assis
Enviado por carlos assis em 27/01/2015
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