Atravessam-me tímidas...

Atravessam-me tímidas

na memória

as imagens dos nossos sonhos antigos

Muitos ficaram por dizer...

por isso os revolvo

nos horizontes do fim do tempo,

do meu tempo, onde esses sonhos

ilusórios que nunca concretizei,

ficaram soterrados

Assim te confesso:

- doem-me as mãos com que te escrevo

estes versos

sem desvendar esses sonhos enterrados

no silêncio profundo

e profano

que me habita a alma,

e rasga-se-me a paisagem do meu cais

de pedra

onde vivo ancorado

à espera dum novo abrigo

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Alvaro Giesta in O Ventre das Palavras