PEDACINHOS ( 1 a 10 )

I

As trovas são pedacinhos,

Migalhas do coração;

Aonde, no meio de espinhos,

Há rosas em profusão.

II

Meu triste amor se resume,

Na aventura singular,

De traduzir o queixume

Numa trova, e lhe ofertar.

III

Pobre, e pobre de talento,

De cultura pobre, e pobre,

É tanto o meu sofrimento

Que nem o silêncio o encobre.

IV

Essas horas de prazer,

Ao possuir-te em meus braços,

São pedaços do meu ser

Do teu roubando pedaços . . .

V

Tens o rosto de criança,

Que me enfeitiça e seduz,

És sonho que não se alcança

Sonho de côr e de luz.

VI

Vejo em teu riso a inocência,

Sinto em teus beijos o mel . . .

. . .e a minha calma existência

Tu a fizestes cruel. !

VII

A vida parece morta . . .

Como é triste tudo assim.

Pois a vida só me importa,

Quando estás perto de mim.

VIII

Há tanta fôlha caida ! . . .

Fôlhas mortas pelo chão . . .

Há tanta gente na vida,

Vivendo sem ilusão ! . . .

IX

Na trova humilde e singela

Que você, de certo, lê ,

Minha alma triste revela

Que ainda amo você .

X

Seria ventura imensa

A vida, que é má porque

Não é nunca o que se pensa

É sòmente o que se vê . . .

04/06/07