IGNOTOS DESERTOS
Sinta-me como a sombra de teus dias
a caminhar em Ignotos desertos!
Presa ao teu existir como erva
que ao morrer deixa o bolbo para
um renascer em tempo certo...
Perceba-me como ela, pois nesse expirar,
Viro haste de solidão e entardecer!
Olhe meu amor, para os sepulcros
de flores que feneceram,
depois de encantarem em serena constância.
Sem dó os ponteiros de um tempo
inconstantes, as venceram, mas mesmo na fragilidade
e num vácuo de vontades por ali estarem, dão
ao solo estéril de amor,
um resto de leve fragrância...
Como estas flores, terei um alvorecer pleno
e marcante em abraços tão cingidos,
quanto uma lágrima de emoção
a engasgar na garganta...
Um sorriso tão largo quanto um horizonte
bordado de sol e um humor tão forte
quanto uma chuva de verão!
Os mais leais afagos em entregas de amor
sem falsas ilusões, numa avassaladora paixão
de púbere deslumbrada, apaixonada!
Mesmo assim, terei minhas horas de sono
como uma criança embalada pela mais bela canção
e nesse tempo terei a preguiça da garoa.
despertar vem com música estrondosa em ritmo
de vida...