Trilho da Paz

Os olhos

grandes janelas abertas

na busca de um luar adiado

em quarto-crescente

A boca

poço sem fundo

onde se fundem o marulho das águas cristalinas

e carpas vermelhas

carentes de algas oxigenadas

O coração

despido de rodeios

deixou-se alcançar e anulou-se

corpo adentro em busca de veias disponíveis de desejos

O corpo

em contraluz

tornou-se volúpia disforme

cintilante

violento fugidio

perverso de sensualidade

Amedrontava

No rosto

continuavam olhos

amplos

profundos em romper órbitas

de um querer amordaçado

tornado desespero numa tela de Gauguin

A lua

reentrou pelas janelas desses olhos expressivos

esgueirou-se no quarto que ora crescia ora minguava

despiu-se de preconceitos

amou

foi amada

E chorou.

lucianobarata
Enviado por lucianobarata em 05/06/2007
Reeditado em 24/07/2007
Código do texto: T514924