Trilho da Paz
Os olhos
grandes janelas abertas
na busca de um luar adiado
em quarto-crescente
A boca
poço sem fundo
onde se fundem o marulho das águas cristalinas
e carpas vermelhas
carentes de algas oxigenadas
O coração
despido de rodeios
deixou-se alcançar e anulou-se
corpo adentro em busca de veias disponíveis de desejos
O corpo
em contraluz
tornou-se volúpia disforme
cintilante
violento fugidio
perverso de sensualidade
Amedrontava
No rosto
continuavam olhos
amplos
profundos em romper órbitas
de um querer amordaçado
tornado desespero numa tela de Gauguin
A lua
reentrou pelas janelas desses olhos expressivos
esgueirou-se no quarto que ora crescia ora minguava
despiu-se de preconceitos
amou
foi amada
E chorou.