A fera e a pantera

Ela bateu pela manhã à porta do mosteiro

bateu violentamente, trazia um recado urgente,

correndo abri a porta,mas,nada ouvi de seus lábios,

o silêncio,o tempo parou...havia murros batendo em meu peito,

uma sinfonia de olhar..ouvi seu coração pedindo socorro a mim...

eu devia abrir apenas a porta, mas, caiu a tranca do meu coração,

a rosa adentrou no mosteiro e em meu peito trazendo canção,

anunciei ao Prior a mensagem urgente e calei-me acerca do desejo latente

ó,dia cruel! que fazes esta alma pura a este ser carente?!

como o vento vieste de seu convento, a rosa de olhos brilhantes como a lua

arrepiando-me a pele, atormentando minha alma, desejando-a, toda nua...

a noite fui ao luar nos jardins do mosteiro, pensando neste querer forasteiro

eis que surgiu na penumbra sua voz, que arrepiou-me por inteiro...

fugi das regras...suas mãos em meu corpo me entregou,

escorregou do meu abraço, lambendo, escrevendo em mim

eu desfaleci, deixei cair o terço, enlouqueci, me aqueci no seu corpo...

entrelaçamos corpos e alma, hábitos choraram no chão, desejo queimou...

meus cantos foram minha língua em seu corpo enquanto vibrava louca,

perdida em mim, cavalgando em sonhos, gemia sem freima...

eu virei fera, ela Pantera,segurei firme, me deixou entrar

entrei em seu estreito caminho de prazer, só coube ali, eu e a rosa,

seus olhos lunares, despertou-nos cantares, a canção do amar...

minha taça estava cheia de amor... eu derramei todo sobre ela

depois recolhemos nossos hábitos e voltamos no caminho a cantar

voltamos conturbados cheirando a amor, volúpia, cada qual ao seu Prior...

Mário Corredor
Enviado por Mário Corredor em 14/03/2015
Código do texto: T5170279
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