VOO
O pássaro do amor, em fuga,
um tanto sem jeito, se evadiu do meu peito.
Buscou outro infinito, e, num sufocado grito,
me alijou do amor.
Meu coração, agora, gaiola vazia,
bate, no momento,
sem aspirações, sem sentimento.
Busca, inerte a emoção
de entender a sublimidade da explícita solidão.
O que é amar,
senão, viver o eterno risco do abandono?
Dono de nada, nada de dono...
Prefiro, agora, a grandeza
de quem não chora por nada, nem por ninguém.
Sofrer não é o meu estilo, e, quer saber?
Desfilo ciente, crente, na certeza da liberdade.
Liberdade essa
que fez o pássaro vazar o meu peito,
deixando meu coração vazio,
atravessar rio, alcançar o mundo.
Gesto singelo, profundo,
que invade vales e casas,
e, termina, por assim, também, me fazer voar,
porque, o amor acabou me dando asas.