LÁBIOS DE MEL

Tupã, ó deus grande; perdoa este estranho...

Atrevimento tamanho;

se filho da selva, nem ao menos é...

Porém, o destino me fez emboscada:

perdi-me de amores pela a ti consagrada

e encantadora índia...filha do pajé!...

Bebi de seus lábios o mistério dos sonhos;

desejos risonhos...

Ó grande vertigem...

Ó mente não sã!...

Tua serva (tupã)

deixou de ser virgem!...

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Partiu pra bem longe, depois do pecado...

Ferida aberta; o peito rasgado...

Partiu pra bem longe, bem longe dos seus!...

Por que assim o fizera, por que que partira?...

Fugida da ira

dos guerreiros da tribo e tupã, grande deus!...

E a mim, tupã, agora o que resta,

se não tem mais seu perfume a floresta;

que igual não é o frescor da manhã?

Na certa, morrerei, pois sou da tribo inimigo;

porém o meu maior castigo

é a ausência da amada...ó grande tupã!...

-Ó filho (uma voz do alto ecoa)

tupã te perdoa...

Teu pranto, o teu sofrimento, cá do alto eu ouvi!...

Tupã é quem espalha do amor a semente;

vá, busca tua amada; porque esse presente

eu dou para ti!...

Parti tão ligeiro depois de ouvir de tupã a voz...

Tupã é deus grande, mas não um algoz;

não é vingativo; não é deus cruel!...

E disse: -quem ama, temer castigo não deve;

desfruta (a vida é tão breve)

a doçura da virgem dos lábios de mel!..

(GERALDO COELHO ZACARIAS)

Coelho Zacarias
Enviado por Coelho Zacarias em 19/04/2015
Reeditado em 19/04/2015
Código do texto: T5212553
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