Me fazendo amor

Aquele roçar de pontas de dedos

bem lentamente, subindo o peito do pé

mandando correntes de volta ao cérebro

dizendo

toca em tudo

suave, superficialmente

elétrico, ardente

do jeito

como quem só vê

com a imaginação

Sem vultos, sem sombras

eu sentindo as mãos

tateando

procurando reconhecer cada terreno fértil

Dedos que caminham

por elevações e dobras

deslizam na pele que arrepia

sobe as pernas

percorrem o dorso

provando o sentido do amor

na criação

O frio da espinha

o calor no rosto

o palpitar de um coração que ama

através dos dedos

pensando no outro

que motivou o ardor do peito que inflama.

E nesse sentir e imaginar

vou fazendo o amor a cada dia

pedaço e caminho

para quando estiver pronto

não se perder

dá-lo ao amado

e partilhá-lo num ninho.

Heloisa Prado