DEVANEIO DO VENTO
O vento sussurra zonzo
dançando em seus cabelos.
Acaricia o pescoço longo
e confidencia num voleio:
- Sua juventude é meu banzo!
ela se envaidece risonha.
Diante da suprema ironia
o vento não desiste
e confidencia
- Dá-me só um pouco
de tua alegria!
Deixa-me tocar seus sonhos!
Um tremor estrangula um gemido
até o ocaso chegar como um bandido.
O vento percebe humilde
fazer o tempo parar... impossível.
Ela jamais esperaria...porque
não é o que seria mais.
Desespero! tudo é fugaz!
Ecoa um soluçar
da lembrança de um desejo
é tão forte seu pesar
ao vê-la caminhar pra longe...
Perde a força
e segue morno a suspirar
como uma cantiga sem fim
aqui, ali... sem pensar
- Que grande tristeza
ver sumir ao longe
os olhos que sonhei pra mim!
tolo vento..
que ao vê-la se afastar
em seu devaneio não percebe,
que ela foi com uma vontade doida de ficar.