Não sou Inês! (Vigésima segunda carta)

Não é meu ensejo ver-te subjugado

Temo que ainda tenhas o poder de me domar

Reconheci-o no primeiro contacto que tivemos

Repudiei-o de imediato!

Mas a mente prega-nos partidas e o coração rasteiras

Enquanto fugia, um desejo secreto cresceu

Uma vontade expressa de não ser senhora de mim

Um estado embriagado pelo inebriante prazer.

As pernas a tremer, o frio no ventre,

A vontade de ceder a uma vontade igual à minha,

Cresceram em mim como ervas daninhas

Plantaram sementes em cada pensamento que tinha.

Sem espaço para mais nada

Abri a janela deixei entrar o calor

Entreabri os lábios para um beijo demorado

Deixei-os suspensos, em infinito ardor.

Desejos secretos tecidos na pele

Devaneios da mente

O perigo não reside no nome que lhe damos

Flutua na densa sombra do que se sente.

Não vendo ilusões, não sou a tal Inês da História

Não procuro prisão dourada

Não procuro posição de poder

Sou um fio invisível, consciente da nossa jornada.

Ema Moura, 14/01/2013, em Trinta Cartas, Broken Wings

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Ema Moura
Enviado por Ema Moura em 03/05/2015
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