FLOR MORENA

Sei que a saudade também dói-te,

Doce Anjo de asas azuis.

Sei que ela macula-te a derme

Com o barro do qual fui feito

E que tu moldaste com maestria,

Em nossas loucas noites

De buscas mútuas pela intimidade

De nossos lábios insones.

Sei que esta saudade que me acossa

Faz eco dentro de tua alma,

Posto que tu, Flor Morena,

Já não dispões do teu toque em mim,

Lacerando a minha pele amada.

Sei que o vaso em que me tornaste

Seria o teu melhor envólucro,

Teu embrulho por excelência,

Teu exílio repleto de aconchego.

... Sei, entanto e também,

Que nas nossas viagens solitárias

Nos pegamos desusados e aflitos:

Eu, louco vaso perdido e vazio

E tu, Flor Morena de raízes desesperadas.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 08/05/2015
Código do texto: T5235200
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