Enamorados

Eles não sabem quando se encontrar...

Bebem da vida momentos, vivem qualquer sentimento,

cada um com sua sina, para o além um afável olhar...

Ele ali, suspirando canção ao tempo,

ela em qualquer lugar...

Quando toca inédita melodia o seu mundo se repara...

Lá vão os dois, atrelados, nos sarais do amor,

do sentimento que não sabem a quem entregar...

E nada consola, nada aquieta o seu inevitável devaneio,

ninguém os cativa verdadeiramente,

nem o desejo se consuma em sua plenitude...

Talvez ao vento, no valoroso horizonte

eles se comuniquem sem saber

e, mesmo que clamem, seu destino é a distância que os supera...

Porventura nunca se encontrem,

no peito toca bela canção, a mesma canção,

quiçá ainda nem executada, porém por eles sentida,

traduzida e compreendida, contrapartes que são...

Enamorados lá vão, ao norte ao sul, mirando o remoto tempo,

nunca se viram, nem mesmo se ouviram...

Transportam traços do mesmo amor que paira em seu silêncio,

Cada um carregando sua metade, em suspiros de seu inteiro,

gigantesco sentimento que nasce e fenece sem saber por quem,

delongada história de sonhos fecundados gêmeos, loucos pra nascer.

Nalva
Enviado por Nalva em 12/06/2007
Código do texto: T524372
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