NAO ACREDITO EM AMOR INCONDICIONAL

Certamente, existem espíritos mais evoluídos que o meu.

Talvez esses discordem do que vou escrever agora, mas realmente não acredito em amor que não deseja nada em troca! Para mim, isso não existe!

Inclusive, até onde aprendi sobre o amor de Deus, do Pai, do Criador do Universo, também não me pareceu que Ele nos ama gratuitamente.

Acredito, sim, no Seu corretíssimo senso de justiça e perdão, mas não na oferta de um amor que nada pede em troca.

Se é assim com o Ser Maior, imaginem então conosco, humildes aprendizes... Imaginem então, com o amor experimentado com erotismo, desejo e apego, que é a maneira com que a enorme maioria de nós aprende a amar... Creio, portanto, que vale a pena esclarecermos essa idéia que tantos pregam aos quatro cantos sobre amarmos incondicionalmente, sem exigir nada em troca, sem impor condições...

Em primeiro lugar, vale diferenciar o amor que respeita, apesar do que se pede em troca... e o “amor” doente, possessivo, que não enxerga o outro, que se comporta de maneira infantil e exige do parceiro comportamentos absurdos. Há uma gritante diferença entre o primeiro e o segundo tipo de dinâmica que pode nortear um relacionamento.

Estou me baseando numa dinâmica saudável, que tem o intuito de promover a evolução dos amantes e não a destruição de suas individualidades. Porém, ainda assim, ainda quando ambos se comprometem com o crescimento mútuo, impossível não desejarem correspondência para o amor que oferecem... impossível não requererem reciprocidade, troca e até condições...

E é exatamente quando falamos em “condições” que o conceito de amor incondicional cai por terra. Sinceramente, penso que tem de cair mesmo... ficar defendendo uma “promessa” que provavelmente ninguém consegue cumprir é perda de tempo e frustração desnecessária.

Defendo o amor-humano, o amor-possível, com defeitos, limitações e inseguranças, mas que seja atento, alerta, que busca o reconhecimento de si mesmo e do outro com o intuito de ser feliz...

Diferenças e problemas sempre haverá, porque fazem parte do processo de amadurecimento de cada um; ciúmes, sensação de rejeição e até dificuldade para falar sobre tudo isso é aceitável. O que não podemos é viver em busca do inatingível, do “perfeito demais” e perder de vista o quanto podemos fazer agora para nos sentirmos mais confortáveis nas relações de amor que experimentamos.

Sugiro que você não se sinta culpado por desejar ser amado, por querer ser correspondido, por falar em “condições”... Apenas que não perca de vista o fato de que a pessoa amada é sempre alguém ímpar, que não poderá concordar com tudo o que você quer e se comportar sempre da maneira como você gostaria... Faça disso um ponto positivo, uma motivação para ouvi-la, aprender com ela e trocar sabedorias...

Dê amor e deseje ser amado, exerça o respeito pelo outro e deseje ser respeitado. Acate as condições do outro quando julgar que isso não fere o seu coração... e deseje ser acatado quando souber que suas condições não ferem o coração do ser amado...

Permita-se sentir o amor-em-evolução, o amor-humano, porque só conquista a Sabedoria Suprema quem se permite vivenciar o fantástico caminho de sua humanidade imperfeita...

Aceite suas limitações e faça a sua parte, porque o amor que você tem para dar é o melhor que você pode neste momento. Não deixe de oferecê-lo porque está à espera de um amor mais perfeito. O que você tem para dar agora já é o melhor. Empenhe-se em crescer a cada dia... e o seu amor será cada vez mais amor... mas nunca incondicional...

Rosana Braga

Paola Bittencourt
Enviado por Paola Bittencourt em 12/06/2007
Reeditado em 13/06/2007
Código do texto: T524495