Obsessão

Respiro e concentro-me no caminho que seguiste,

penso no homem que sempre desejei que fosses,

nos gestos assertivos que nunca tiveste.

Suspiro e caminho seguindo o rasto agitado

de um vento que fustiga em abundante arrogância.

Temo pelas horas que não traz de volta...

Horas sem ponteiros que agravam a distância.

Penso nos teus pedidos sussurrados

como carícias carentes de afecto,

perdendo-se pela carne,

nunca atingindo a alma.

Quem sou, tornou-se a mais importante interrogação.

Muito mais do que essas outras ladras do tempo:

Quem és tu e onde estás? – Perguntei-me incessantemente.

Respiro, suspiro e penso!

Penso neste sentimento que já conheceu o sol.

Agora, oculto-o entre as nuvens cinzentas

para que possa sussurrar nos dias de tempestade.

Adoro que chova porque o sinto!

Rosto molhado, frio que se entranha na pele.

São fios de água, que descem desse céu barulhento,

atraídos por este corpo que o tempo não parou.

Desolado deserto ou solitária ilha?

Vivo a miragem do náufrago,

agarro-me ao nada que me dás:

_ Uma fome imensa, uma fome intensa!

Poema sem sentido, este fogo habilmente tecido

por actos imaginados tão pobremente vividos.

Sim, recordo os beijos roubados, molhados,

e os crescentes pedidos gemidos e sofridos.

A minha alma perdida

entregar-se-ia ao devaneio carnal

por esta obsessão visceral,

este querer-te tanto,

porque te quero ainda…

Voltar…

Respiro...

Suspiro...

Penso no dia...

Ema Moura, 5/11/2011, in http://emoura-brokenwings.blogspot.pt/

Ema Moura
Enviado por Ema Moura em 22/05/2015
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