DIA da ÁFRICA

Rios secos de África

.

Os homens desviaram o curso do rio para

assim o tornarem útil . cavaram

regos imensos para

irrigarem as imensas herdades

.

É esta a linguagem

e entendimento

dos homens .

O rio desapareceu

.

Fiéis – no entanto – as árvores

presas da magia do seu traje verde e

da alegria breve das torrentes do verão

continuam a bordejar-lhe – mantendo-as vivas – as margens – esperando

que ele volte um dia para

as beijar

.

No leito morto,

sementes caídas dos bicos dos pássaros ou das asas fecundantes do vento

germinam . lançam raízes . cientes

de alguma frescura esquiva –

.

e erguem ao sol escaldante

as mínimas

precárias folhas .

como quem chega à estação

depois de o comboio passar

.

.

Joanesburgo

Reserva de Mabula, Outubro de 1996

.

© Myriam Jubilot de Carvalho

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 25/05/2015
Código do texto: T5254946
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