SENSIBILIDADE
Eis que surge, toda suave para ele,
Em uma espontânea e bela inspiração,
Diante de uma desmedida emoção.
Chegou assim, fluindo com mansidão.
Como o singelo nascer de um broto,
Cuidado e protegido com todo zelo,
Nobre e belo, num súbito relampejo,
Nasce agora no coração esse desejo.
Rimas nascem livres e aos montes,
Num terreno que até então era seco,
E agora é só beldade com muito apreço,
Nesse simples e agora verde endereço.
Ao acordar essa sensação poética,
Há muito, semeada e não vingada,
O autor assume então, a empreitada
De escrever sobre uma vida obstinada.
Na ponta dos dedos jaz firme uma caneta,
Que aguarda somente um papel fecundo,
Com o intolerante entusiasmo profundo,
Ansioso pra revelar seus versos ao mundo.