AS PRIMAVERAS DE VOTUPORANGA

Quis não esquecer as primaveras de Votuporanga

e tanto fiz que do acúmulo de limo trazido verde

na bagagem transportei feito vaso o meu amor.

Dos corredores laterais da casa de Votupotranga

replantei-as como se fossem mudas de tempo

no corredor lateral dessa casa dos meus pais.

No cimento cinza lavado e poroso

abri três pequenos universos.

a terra surgiu nova sujando minhas mãos

de um tipo de sangue que não se vê

e nela meti as mudas de três primavera

uma de cada cor, as mesma daquelas.

Logo a vida armou galhos

pequenas na trama na grade

do pequeno muro lateral

na casa dos meus pais.

floresceram, mas ai!

não são as mesmas

sem o meu amor

A alegria transplantada dura pouco

se aquelas foram arrancadas de mim

estas quando mostravam o que verão.

E porque nada nos pertence, nem cidade casa ou muro

não era amor como aquelas desterradas da memória,

As flores-nos habitam a alma para tão somente

nela perfumar o que não tem cheiro,

o que perdeu sabor, para suportar as hastes do pensamento

e fazer durar no tempo a boa lembrança que nos sustente.

Por isso as primaveras de agora, essas que escrevo,

têm perfume e são minhas.

Primavera de papel, a mais bela e a mais triste.

Antônio B.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 31/05/2015
Reeditado em 17/10/2023
Código do texto: T5261810
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.