Amor desconexo

Nas tardes banhadas pelo mar revolto

Todos os caminhos levam ao mesmo porto.

Nas esquinas, os olhares tortos.

Nas ladeiras, as ancas das morenas ‘amadianas’.

Nos bares, saudade vertida em goles loucos.

Não quero que o amor resida na paisagem

Não quero que o amor resista na viagem que se fez.

Quero estar com a mente limpa.

Quero desintegrar o tempo que passou.

E isso é pouco.

Meus lábios secos

Meus abraços ocos

Minhas reverberações de sonhos outros

Tudo parece perdido num canto da varanda

Onde o vento brinca de falar.

O verbo de agora é consonante

Com as horas que passaram distraídas

Saudade pontuada na parede

Para lembrar que nem sempre é quando.

Deixa-me seguir.

Quebrar os laços

Juntar os trapos.

Há muito... parti.

Guarda os ossos.

Crema a minh’alma passarinha

E abre as asas, de novo, por aqui.

Não hei de te dar pouso,

Mas haverás de querer vir.

E, assim, tatuado na parede

Grafitado nos muros dessa lembrança

A eternidade prometida

Há de nos encontrar naquela esquina

Onde, sem saber, o destino se fez espelho

Partido em mil pedaços

Para o nosso desconhecer sem fim.

Iza Calbo
Enviado por Iza Calbo em 12/06/2015
Reeditado em 13/06/2015
Código do texto: T5274655
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