A Moça da Janela

Moça, não chores!

Não desfaça sua beleza nua, seu raio de esplendor,

Sua imagem mais pura, seu estado de dulçor.

Chore! Chore de eufórica alegria, mas não chore de agonia.

Moça, eu choro os versos da tua apatia sofrida.

Não chores tanto assim, guarde ainda em si um ânimo de se viver.

Cruel e apático esse seu amor bandido!

Ria-se dele o infortúnio à beira do caminho.

Melhor que agora chores e depois quiete-se a vida entre soluços.

Moça, já não chores mais aquele desalmado amor de verão.

Já não tenhas em si tanta sofreguidão para obteres plácida contemplação.

O mundo é grande, grande é chão para andares, e são muitos os caminhos.

Moça, abra seus olhos!

Abra seus braços, deixe-me abraçar-lhe!

Sentirei sua dor, sairei com ela e a precipitarei com os porcos para o fim.

Moça, amar não é sofrer.

Mas cada vezes que se ama é impossível não sofrer.

Pois o amor é abstrato quando vem sozinho, e quando vai-se desfaz-se o ninho.