Lado A Lado

A cama está fria do teu lado

E tenho um sabor de vingança nos lábios,

E não sei porquê.

A minha alma está vazia,

O desespero corroí-me o interior,

E algo está errado.

Da forma como o chão treme,

Os lençóis apertam até sufocar.

E o suspiro é frio do teu lado.

Entranhas decoram o tapete,

O odor é nauseabundo.

Sinto a tua presença.

Um rasto de sangue mancha a calçada,

Sigo o destino até onde ele quiser.

Nasce uma crença.

O rasto acaba, onde estou?

No cemitério por cima de uma campa,

Quem aqui jaz?

Com as unhas desenterro o caixão,

Era o teu corpo, já cadáver,

Que se desfaz.

As lágrimas libertam-se dos meus olhos,

Será que eu te matei e não me recordo?

Que triste fado!

Abro uma cova ao lado da tua,

E assim ficaremos para a eternidade,

Os dois, lado a lado.

Sérgio Peixoto
Enviado por Sérgio Peixoto em 19/06/2015
Código do texto: T5283032
Classificação de conteúdo: seguro