FALAR DE MIM ( TRILOGIA PARTE 2 )
Para falar de mim é desnecessário que se fale do poeta e do louco:
O poeta é como um rio,
lava a roupa suja da alma alheia,
É como um rio que transborda marginal,
Apenas um cio, pois as margens o comprimem.
O poeta é um animal em cio,
Procura empenhar o mundo;
O poeta é como um rio,
Lava a alma suja da roupa alheia,
Transbordando-se imundo (i) mundo...merda!
Borra-se...suja-se...
suja a alma roupa do poeta alheio,
Suja a roupa suja da alma alheia,
Suja a alma suja da roupa alheia,
Por fim cai ébrio no mar,
Onde perpetua sua loucura.
Por isso é que eu não quero ser poeta,
Nem sujar por aí almas alheias,
nem usar de cabelos penteados,
Gravatas-borboletas e finos bigodes,
Prefiro ser o louco: parir versos soltos
E desconexos, falando da vida da luta e
Dos sexos, depois abandolá-los pelo mundo.
Por fim se a minha aparência de louco for
Raquítica e desdentada, for rude e sem
Clêmencia, a culpa é do sistema
Que promoveu minha demência.