FALAR DE MIM ( TRILOGIA PARTE 2 )

Para falar de mim é desnecessário que se fale do poeta e do louco:

O poeta é como um rio,

lava a roupa suja da alma alheia,

É como um rio que transborda marginal,

Apenas um cio, pois as margens o comprimem.

O poeta é um animal em cio,

Procura empenhar o mundo;

O poeta é como um rio,

Lava a alma suja da roupa alheia,

Transbordando-se imundo (i) mundo...merda!

Borra-se...suja-se...

suja a alma roupa do poeta alheio,

Suja a roupa suja da alma alheia,

Suja a alma suja da roupa alheia,

Por fim cai ébrio no mar,

Onde perpetua sua loucura.

Por isso é que eu não quero ser poeta,

Nem sujar por aí almas alheias,

nem usar de cabelos penteados,

Gravatas-borboletas e finos bigodes,

Prefiro ser o louco: parir versos soltos

E desconexos, falando da vida da luta e

Dos sexos, depois abandolá-los pelo mundo.

Por fim se a minha aparência de louco for

Raquítica e desdentada, for rude e sem

Clêmencia, a culpa é do sistema

Que promoveu minha demência.

Luiz Almeida
Enviado por Luiz Almeida em 16/06/2007
Reeditado em 05/06/2008
Código do texto: T528822