Vida
Rola a vida azul e neve, esvaindo-se…
Roda áspera, senfim de emoções e instintos maiores;
Rodopia a nuvem algodão e sol, perfurando o céu…
Bailado de vento, areia vermelha em desertos de sal;
Gira a asa branca, diáfana, de penas sedosas,
Busca de interiores por construir, paisagens por descodificar;
Circula a cor e o olhar, o verde à espera de nascer…
Volteia a paz e a paixão,
Passeia-se a tua mão agreste,
Num acerto de vidas para contar.
Num rolo de cor, ganha vida a vida já sem cor.
O negro assoma à janela do outeiro
Suicidando-se num mar de águas vermelhas.
Vagueando por sobre o caos,
Sobra o amarelo de um olhar de luz!
Toma o tempo pelo tempo,
Gere a vida com a música do sol
E gravita em cada lua cavalgada pelo nada.
Constrói a torre e a serpente,
Vende a serra, a utopia,
E encerra os dedos tingidos de pasmo.
Constrói o Universo pintado no Destino
E faz do Destino a ânsia da luz por nascer!
Cerca o verde e constrói o sul num planalto desconhecido.
O norte cansado deitou-se no ar frio do longe
E nem tu já lembras o local da paz.
Bebe nas algas a água e o sal puro
Que de monstros incógnitos anda a Via Láctea saturada
E a nossa via é apenas a nossa vida!