PALAVRAS TROCADAS

Ainda sinto o gosto do teu veneno.

As tuas mãos postas e dispostas ao bote.

Todas as mentiras que dissestes

Atravessadas feito cruz na minha garganta.

Ainda vejo teus olhos à espreita

E tua boca colada nos lábios que desconheço

Todos os sentimentos que inventastes

Lançados como navalhas a lacerar-me a face.

Ainda percorro as ruas com medo

Querendo crer na tua ausência definitiva

Atropelada por fantasmas de um passado

Que pouco ou nada me acresceu à vida.

E ainda quando posto as mãos na pele envenenada

Vestida pelas mentiras que atravessam o dia

Desconheço os lábios que me beijam a face

Pois tenho o sentimento lacerado por navalhas

As mesmas que lançastes sem medo

Tornando o amor um ausente definitivo

Numa vida de passado com olhos atentos

A devorar a crença inventada em torno do nada

Que por pouco se mantém com vida.

Iza Calbo
Enviado por Iza Calbo em 15/07/2015
Reeditado em 22/02/2021
Código do texto: T5311971
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