Amores errantes

Prólogo: uma paixão inglória favorece o espírito de quem possui amores errantes, porquanto é num misto de doçura e tormento que se purga a alma.

Meu ser possui amores sofridos, magoados e sentidos; felizes,

otimistas e trancados; guardados e sempre lembrados; abstratos,

apaixonados, concretos e acomodados tais quais amores errantes.

Dizem que o poeta vive a construir amores distribuindo-os

a esmo pelo fato de serem visionários loucos e quiçá desvairados.

Na verdade não sei como me qualificar diante dos amores errantes.

Amo a natureza, a vida, a criação do homem, o universo sem fim;

a tudo e a todos, mas principalmente a ti muito mais que a mim,

por seres a representação e simbolismo de crudelíssimas

fráguas, na forma mais concreta do sofrimento alcançado,

dentre todos os meus sentidos e saudosos amores errantes.

És a expressão gráfica de minh' alma, corpo de minha imaginação,

olhos minazes que me fuzilam a lisura no procedimento e retidão

alcançada nas inúmeras provações já vivenciadas. Outrossim,

comparo-te ao que transcende a emoção e se consagra na criação

tais quais os versos dedicados aos meus sublimes amores errantes.